O desaparecimento progressivo do Lago Chade, entre Chade, Níger, Nigéria e Camarões, é uma das maiores tragédias da África contemporânea. Uma das poucas fontes de vida em pleno Sahel (região subsahariana), um dia o Lago Chade foi grande o suficiente para permitir a agricultura e o sustento de centenas de milhares de nativos. Nos últimos 60 anos perdeu 90% de sua superfície líquida, numa crise climática agravada pelo fato de situar-se em região de constantes conflitos entre facções guerrilheiras.
Junto com o lago, vem-se perdendo também uma riquíssima tradição cultural, constituída por povos que habitaram suas margens desde tempos imemoriais. Entre estes, estava o antigo império islâmico de Bornu, que atravessou nada menos que cinco séculos, da Idade Média ao século XIX.
Uma das visões mais impressionantes que tive da África foi a bordo de um voo da Ethiopian Airlines, ao sobrevoar o Lago Chade numa noite de lua cheia e céu excepcionalmente limpo. Na escuridão daquela região agreste, era possível ver, do alto, o reflexo da lua nas águas do lago.
Esta música tenta captar aquele momento mágico misturando instrumentos ocidentais a uma flauta oriental e ao toque encorpado e melancólico de um instrumento africano da família do oboé.
Música instrumental de Fernando Fernandse produzida e gravada em home studio com uma guitarra com captação midi, teclado Roland e módulos de som do JV-1080.