Por ordens terminantes do monarca,
o amor está banido deste reino.
Sua Majestade sabe dos perigos
que anulam até os mais bravos cavaleiros
quando a peste feroz escala os muros
disseminando a névoa nos outeiros.
Vivemos o momento em que essa terra
receberá a semente de outra guerra,
e fraqueza tal, tal inconsistência,
retirará do povo a eficiência.
O soberano exige que a batalha
perdure até que os inimigos calem,
mas batalhas de amor são sob a lua,
quando escudos e lanças nada valem.
É necessário, pois, manter o prumo
e, à luz do dia, não perder o rumo
pra que a névoa sutil do disparate
não nos disperse o fogo no combate.
Que os sentimentos sejam apanágio
dos cortesãos inúteis do castelo
que cantam baboseiras enluaradas
ao mentiroso som de violoncelos.
Nosso exército em febre, quanto canta,
louva o corte sangrento na garganta
e a vitória maior é ter sabido
que a pátria paira acima do indivíduo.
Pela vontade justa e soberana,
está banido o amor de nosso povo.
O amor não tem lugar no grande esquema
da feroz construção do dia novo.
CRÔNICA DO TEMPO DE GUERRA
À espera da guerra • Navegante nórdico • Naufrágio
Campos catalaúnicos • O guerreiro reflete enquanto marcha
Crônica do cerco e destruição • Noite no deserto
Agonia • Visão dentro da agonia • Depois dos Hunos
A última batalha se desenha • O nome