No côncavo da noite é que as palavras
ganham sentido e perdem a primazia.
Se a descoberta é clara, se há lampejos,
silêncios novos inundam as palavras.
Dizer o dito? Mas o dito é novo
e tem frescor de orvalho, tem centelhas.
O que alimenta o dito é o véu do escuro
com maciez de lã e sombras tépidas.
Mentiras lúcidas não fazem noites.
O que gera o silêncio é mais fecundo:
são os rastros do tempo, é a semente
que, escorrendo na seiva, não se sabe.
DA PALAVRA
Discurso sobre o discurso • Memória fotográfica • Pórtico • Cena parlamentar • No côncavo da noite • Com a palavra, o amigo prático